Por décadas que já se foram, o espaço fechado que mais recebeu o trânsito de pessoas, em Ipirá, foram os mercados de carne e farinha, respectivamente. Por sua vez, o Clube Caboronga não ficou à deriva neste aspecto e, também, teve seus dias de glória, com lotação homérica, num passado que não vai muito longe.
O trio elétrico chegou chegando e botando prá quebrar; arregaçando a zorra toda; triturando e moendo o que pela frente ia encontrando na via pública; esmagando e empurrando para o buraco os clubes sociais, com muita agitação, pouca boa vontade e sem pedir licença. Assim foi em Salvador, Feira e Ipirá, não ia ser a exceção.
Da glória para o ostracismo. O Cluba Caboronga foi sendo transformado num paciente moribundo, jogado no temido corredor da regulação, a espera de uma UTI, até que a morte anunciada chegasse para arrebatá-lo.
O Clube Caboronga entrou em decadência lenta, silenciosa e continuada. Degringolou por completo, ao ponto de ficar numa situação de não ter uma diretoria, constituindo esse fato um intenso desrespeito ao estatuto da instituição.
A contradição entre associativismo e individualidade ficou clara no Clube Caboronga. Com diretorias inconseqüentes ou maleáveis, o poder diretor sucumbiu e sem um corpo dirigente por muito tempo, o individualismo foi ganhando terreno.
A imagem do velho clube foi sendo apagada e a individualidade foi demarcando terreno: não se prestava mais contas das ações do clube; o interesse particular sobrepôs-se ao interesse social; o clube virou depósito; o desleixo documental ficou evidente; um sócio só podia ter uma ação, mas na fase de decadência, o sócio passou a apropriar-se de várias ações, adquiridas a preços módicos e estabelecidas em nomes de laranjas.
Tudo isso, é fruto e tornou-se uma amostra clara da decadência lenta, silenciosa, talvez proposital ou não, do Clube Caboronga, para minar, depreciar e desvalorizar o aspecto social, que é o primado desta instituição.
Em estado de convalescença, uma nova diretoria foi estabelecida para conter a descida precipitada do clube de alto a baixo. Não será uma tarefa fácil voltar-se ao tempo do glamour, situação que poderá ser considerada impossível. Parece que estamos chegando ao fim da festa, com latinhas de cerveja jogadas e espalhadas pelo chão.
Dos tempos florescentes ao crivo da decadência prolongada, deixou bem claro, que uma chaga foi aberta: quem ficará com o espólio do Clube Caboronga?
Nada mais justo, que este terreno do Clube Caboronga fosse concedido à Prefeitura Municipal de Ipirá, com uma cláusula pétrea, bem definida, única, só e somente só, para a construção de uma Policlínica para Ipirá, um objetivo único e determinado, que seria sustentada pelo Estado. Seria a vitória do social sobre a intenção individualista. Com toda prioridade para os 161 associados.
Escrito por Agildo Barreto