Eles somam, juntos, mais de um século de mandato nas assembleias legislativas . Trata-se de deputados estaduais em atividade, que são recordistas de tempo no cargo, como o baiano Jurandy Oliveira (PP), de 82 anos. Ele iniciou em 2019 seu 10º mandato consecutivo. Está no Legislativo da Bahia há 36 anos e é o deputado estadual mais velho no país.

Nas assembleias legislativas, ‘políticos de carreira’ sobrevivem à onda de renovação.

Atrás dele estão três parlamentares com nove mandatos. O paulista Campos Machado (PTB), de 79 anos, e os piauienses Themistocles Filho (MDB), de 61, e Fernando Monteiro (PRTB), de 67. O trio completou 32 anos de Parlamento.

Todos sobreviveram à onda de renovação política registrada nas urnas em 2018. Em São Paulo, mais da metade (50) das 94 cadeiras está ocupada hoje por quem estava sem mandato ou nunca havia tido um, a maior renovação desde 1994. Campos Machado terá como colega de legislatura deputados que têm de idade o que ele tem de tempo na Assembleia.

O choque geracional já deu os primeiros sinais. Como uma de suas primeiras iniciativas este ano, o veterano apresentou um projeto de lei proibindo lives em redes sociais a partir do plenário. Virou chacota entre os novatos.

Anteontem, quando os deputados eleitos em 2018 tomaram posse em São Paulo, os que ganharam a eleição ancorados em uma campanha pela internet fizeram propositalmente selfies e lives ao lado do veterano no plenário.

— A Assembleia de São Paulo estava um tanto apagada e a gente vem dar luz. Tem uma luta agora dos deputados digitais contra os analógicos e até um projeto proibindo lives. É tudo o que a gente não quer. A gente quer dar publicidade sobre o que acontece aqui — disse Gil Diniz (PSL), 32 anos.

Procurado, Campos Machado não falou com o GLOBO.

Na Bahia, o índice de renovação foi menor — 36% — e, segundo Oliveira, o decano da Casa, o clima é mais amistoso.

— É uma juventude preparada e promissora — diz.

Oliveira tornou-se deputado ainda na ditadura militar. Além de mandatos, tem no currículo uma lista ainda maior de partidos — trocou 18 vezes de legenda em três décadas na política. O posto maior que ocupou na Assembleia baiana foi o de primeiro-secretário. Ele rejeita o rótulo de “acomodado”por nunca ter disputado uma eleição para outro posto. O medo de perder a influência política o fez criar raízes no Parlamento estadual.

— Alguns colegas se elegeram deputado federal, ficaram um mandato e não se reelegeram mais. Eu sempre preferi manter a minha base de deputado estadual do que arriscar. Terminei a eleição agora com a pressão a 12 por oito — explica.

Já o piauiense Themistocles Filho disse não ter motivos para alçar voos mais altos. Em janeiro elegeu-se para seu 8º mandato como presidente da Assembleia do Piauí. De lambuja, fez do filho deputado federal em 2018.

— Estou lá muito bem representado — riu.

Fonte: O Globo

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