O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse nesta quinta-feira (21) que vai achar “alguma coisa”, se procurar casos de corrupção em seu governo.
A declaração ocorreu em diálogo com um apoiador no cercadinho do Palácio da Alvorada. Ele citou especificamente o Ministério de Desenvolvimento Regional, pasta responsável por obras de estrutura em todo o país.
O mandatário, apesar de admitir a possibilidade de encontrar casos de irregularidade em sua gestão, minimizou, qualificando-os como “besteira qualquer”.
“Se procurar, vai achar alguma coisa. O Ministério de Desenvolvimento Regional tem mais de 20 mil obras, será que está tudo certinho? Vai achar alguma coisa. Acha uma besteira qualquer”, disse Bolsonaro.
Antes, o apoiador dizia que “quem estava aqui [Brasília] sabe quais são os caminhos da corrupção”, a que Bolsonaro assentiu: “Sabe, sabe”. Bolsonaro foi eleito para seu primeiro mandato como deputado federal em 1991.
O homem comentava a CPI da Covid, que rendeu ao presidente denúncia no Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia.
“Minha vida é revirada o tempo todo, não acham nada”, disse o chefe do Executivo.
Mais cedo, também a apoiadores, o mandatário disse que, nos governos petistas, toda semana tinha “caso de corrupção” na televisão. “Nosso governo, tem acusação”, minimizou.
A menos de três meses das eleições, Bolsonaro vem modulando o discurso de que não há corrupção em seu governo.
Esta era uma das principais bandeiras do chefe do Executivo. Quando o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro ser preso pela Polícia Federal, Bolsonaro adotou discurso menos rígido para tratar de corrupção.
Uma semana depois do episódio, adotou um novo termo. “No governo, não temos nenhuma corrupção endêmica. Tem casos isolados que pipocam e a gente busca solução para isso”, afirmou em palestra a empresários em evento da CNI (Confederação Nacional da Indústria).
Ribeiro foi detido em uma operação que investiga uma suspeita de balcão de negócios no Ministério da Educação e na liberação de verbas do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Outro conceito utilizado agora pelo chefe do Executivo é corrupção virtual, que ele já mencionou em alguns discursos. A ideia é de um crime que não tenha sido concluído.
A expressão também foi utilizada pelo ministro Ciro Nogueira (Casa Civil), em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo em abril. Ele também comentava o caso do MEC, ainda sob investigação na época.
Chamado de “amortecedor” no governo, o ministro disse não acreditar que o episódio atrapalhe o discurso anticorrupção do governo. “Não houve corrupção. É uma corrupção virtual. Existem as narrativas, mas o que foi desviado lá? Não foi pago nada”, afirmou à Folha de S.Paulo.
Fonte: Bnews
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