Pesquisadores da Universidade da Flórida revelaram uma descoberta surpreendente sobre as quimeras, peixes cartilaginosos que habitam as profundezas do oceano. Os machos da espécie possuem um apêndice carnudo que se projeta da testa, conhecido como tenáculo, utilizado para segurar a fêmea pela barbatana durante o acasalamento.
O que mais chamou a atenção dos cientistas é que a ponta bulbosa desse órgão é recoberta por dentes mineralizados, dispostos em fileiras semelhantes às encontradas nas mandíbulas de tubarões. O estudo, publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, aponta que nunca havia sido registrado algo parecido fora da boca de um vertebrado.
Segundo Gareth Fraser, biólogo evolucionista e um dos autores da pesquisa, trata-se de uma característica única: “Não vimos nada semelhante em nenhum outro lugar do reino animal”.
As análises realizadas com microtomografia em 40 exemplares confirmaram que os mesmos genes responsáveis pela formação dos dentes bucais também atuam na formação do tenáculo. A descoberta reforça a singularidade das quimeras, parentes distantes dos tubarões, que divergiram evolutivamente há cerca de 400 milhões de anos.
Origem ancestral
O tenáculo, também chamado de “grampo da cabeça”, permanece guardado em uma bolsa acima dos olhos e só é projetado durante o acasalamento. Pesquisadores revisitaram fósseis de espécies ancestrais, como o Helodus simplex, que viveu há 315 milhões de anos, e identificaram estruturas semelhantes, indicando que a habilidade de desenvolver dentes na testa já existia no passado.
Funções possíveis
Embora hoje seja associado ao comportamento reprodutivo, cientistas levantam hipóteses de que a estrutura pode ter se originado como forma de defesa ou mecanismo de intimidação. Para Fraser, pode representar uma espécie de “mordida de amor”, enquanto outros especialistas sugerem que ainda há mistérios a serem desvendados.
Fonte: Portal Guarani